A FEE não apenas coleta, mantém e interpreta dados vitais da e para a economia local como também tem linhas muito promissoras de pesquisa e desenvolvimento sendo desenvolvidas que potencialmente têm significância internacional.

Martin W Bauer

Professor na London School of Economics

Quaisquer que possam ser as dificuldades políticas imediatas para equilibrar as contas fiscais em níveis local e nacional, equivale a nada menos do que “vandalismo político” fechar uma instituição que coleta informações econômicas e sociais básicas e que é tão relevante para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul. O que um governo faz sem os dados necessários para definir a necessidade de políticas ou para avaliar suas ações? O que um eleitorado faz sem quaisquer dados para cobrar as responsabilidades do governo? Tal vandalismo político pode ter acontecido durante a desastrosa “revolução cultural” da China, entre 1965 e 1975, mas parece francamente incrível considerar tal passo no Brasil do século XXI, uma das potências econômicas do futuro. Quando o mundo clama por políticas não ideológicas baseadas em evidências, abolir a fonte de tais evidências é não só contraditório como também definitivamente contraproducente.

A FEE não apenas coleta, mantém e interpreta dados vitais da e para a economia local como também tem linhas muito promissoras de pesquisa e desenvolvimento sendo desenvolvidas que potencialmente têm significância internacional. Por exemplo, recentemente iniciamos nosso projeto colaborativo entre a FEE e meu grupo na London School of Economics sobre a “cultura da inovação”, o qual apresentamos no encontro Blue Sky Thinking, do grupo dos Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação, da Organização Para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que ocorre somente a cada 10 anos. Nossa colaboração está desbravando novos territórios ao desenvolver indicadores subjetivos da cultura da inovação, com vistas à mudança de mentalidade de longo prazo, o que foi recebido com grande interesse no encontro da OCDE em Ghent, em setembro de 2016. A inovação é o combustível da recuperação econômica, e monitorar e encorajar a atividade inovativa e a mentalidade no longo prazo são partes essenciais desse esforço vital.

Seria inacreditável se o atual governo continuasse nesse processo de vandalismo cultural e econômico e fechasse esse “templo de positivismo” que a FEE tem sido, servindo tão bem o Rio Grande do Sul.

Portanto, expresso meu total apoio a todos os colegas envolvidos e em favor de todo esforço para evitar esse passo deplorável de fazer política de forma absolutamente equivocada.

Professor Martin W Bauer
Diretor do Mestrado em Comunicação Pública e Social
Ex-Editor da Public Understanding of Science (2009-16)
London School of Economics (LSE)
Departamento de Psicologia e Ciência Comportamental

Original em Inglês

Whatever the immediate political difficulties of balancing the fiscal accounts on a local or national level might be, it amounts to nothing less than ‘political vandalism’ to close an institution that collects basic economic and social information, which is so highly relevant for the development of the region of Rio Grande do Sul. What does a government do without the necessary data to define the need for policy, or to evaluate its actions, what does an electorate do without any data to hold the government to account? Such political vandalism might have occurred during the disastrous ‘cultural revolution’ in China between 1965-1975, but it seem downright incredible to consider such a step in 21st century Brazil, one of the economic powerhouses of the future. When the world calls for non-ideological evidence-based policy making, to abolish the source of such evidence is not only self-contradictory, but outright self-defeating.

Not only does FEE collect, curate and interpret vital data streams about and for the local economy, but there also are very promising lines of R&D being pursued which potentially have international significance. For example, we have recently started our collaborative project between FEE and my group at the London School of Economics on the ‘culture of innovation’, which we presented at the Blue Sky Thinking meeting of the OECD group on Indicators of Science, Technology and Innovation, a meeting which happens only every 10 years. Our collaboration is pushing into new territory by developing subjective indicators of the culture of innovation with a view to long-term change of mentality, and which was received with great interest at the Ghent OECD meeting in September 2016. Innovation is the fuel for economic recovery, and monitoring and encouraging innovative activity and mentality in the long-term is an essential part of this vital effort.

It would be extraordinary, if the current government continued in this step of cultural and economic vandalism of closing down this ‘Temple of Positivism’ which FEE has been and served so well the region of Rio Grande do Sul.

I hereby express my full support to all colleagues concerned and for every effort to avoid this deplorable step of utterly misguided policy making.

Martin

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