No Rio Grande do Sul, a FEE dedica-se, há 43 anos, à produção e à divulgação das mais importantes informações sobre o Estado, bastando mencionar as séries do PIB estadual, regional e municipal, os dados de emprego e desemprego e de demografia, utilizados, inclusive, para discutir a participação dos municípios no ICMS.

Rubens Soares de Lima

Economista, Professor Universitário, Ex- Presidente da FEE

Entre os inúmeros estragos ocasionados pelo curto período do Governo Collor, o mais silencioso, mas não menos trágico, foi o sucateamento do IBGE, órgão oficial de produção de informação estatística do Brasil. Na verdade, foram necessários alguns anos para que se tomasse consciência da importância que a informação tem na vida cotidiana das sociedades modernas. A continuidade das séries estatísticas é um requisito importante para análises que busquem compreender a economia de uma perspectiva histórica, sendo extremamente prejudicial a interrupção da atividade daqueles que se dedicam à elaboração de dados.

É fácil imaginar o impasse de qualquer negociação entre sindicatos patronais e trabalhadores sem que as partes disponham de dados sobre PIB, inflação, produtividade e taxas de emprego e desemprego. Desse modo, as estatísticas constituem-se em alicerce fundamental para o exercício das relações econômicas e sociais de uma democracia. Entretanto, não basta que a informação seja mais ou menos exata, é necessário que os agentes reconheçam a fidelidade e a isenção de quem a produz. Isso não exclui a existência de órgãos estatísticos privados e mesmo de sindicatos, mas impõe a existência de institutos que, mesmo sendo públicos, guardem certa autonomia com relação ao Governo.

No Rio Grande do Sul, a FEE dedica-se, há 43 anos, à produção e à divulgação das mais importantes informações sobre o Estado, bastando mencionar as séries do PIB estadual, regional e municipal, os dados de emprego e desemprego e de demografia, utilizados, inclusive, para discutir a participação dos municípios no ICMS. Ao longo desses anos, a FEE consolidou seu lugar como parceira oficial do IBGE, não só na elaboração do PIB como também na realização de inúmeras pesquisas. Através da publicação de incontáveis trabalhos, tem subsidiado a ação dos governos e da sociedade em geral. Hoje, é praticamente impossível realizar qualquer estudo sobre o Rio Grande do Sul sem que se utilize o conhecimento acumulado na FEE.

Esse trabalho é feito por uma instituição que consome menos do que 0,08% do orçamento estadual e não gera mais receita, porque não cobra de seus principais demandantes, precisamente os órgãos do Governo Estadual.

De maneira muito sintética, é esse patrimônio que, juntamente com os seus servidores, que ao longo dessa exitosa trajetória formaram uma inestimável massa crítica, corre o risco de se perder de forma irrecuperável.

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