Nota do Observatório das Metrópoles – Núcleo Porto Alegre

Manifesto do Observatório das Metrópoles em defesa da FEE

A Rede INCT Observatório das Metrópoles divulga o Manifesto contra a possível extinção da Fundação de Economia e Estatística – FEE e da Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional – METROPLAN, proposta pelo atual governo do estado do Rio Grande do Sul. A FEE é uma das instituições fundadoras da rede nacional Observatório das Metrópoles e do Núcleo de Porto Alegre, do qual foi sede de 1999 à 2012. Além disso, a fundação tem uma atuação imprescindível para o planejamento e o desenvolvimento socioeconômico do estado do Rio Grande do Sul. Ao longo dos seus 43 anos de história, a FEE produziu pesquisas, de caráter público e plural, indispensáveis para a definição de políticas públicas e a tomada de decisões por parte dos gestores públicos.
No atual contexto de crise econômica do Brasil, a política conservadora aponta como única solução a racionalização da máquina pública, mesmo que isso represente a destruição do seu capital humano e a perda de direitos. É o que sugere o pacote de austeridade do governador do estado do Rio Grande do Sul José Ivo Sartori (PMDB): o projeto, chamado por ele de “modernização da estrutura”, prevê a extinção de diversos órgãos públicos e a demissão de 1.200 funcionários.

A extinção da FEE é uma das medidas propostas pelo Governo do Rio Grande do Sul, e pode representar uma grande perda para a pesquisa público no país. Já que a FEE possui hoje um corpo técnico multidisciplinar extremamente qualificado e capacitado, composto por 36 doutores e 93 mestres em diversas áreas do conhecimento. Além disso, a Fundação possui, historicamente, sólidos e continuados laços de intercâmbio e participação em instituições acadêmicas, nacionais e internacionais, como Observatório das Metrópoles, a ANPUR, ABET, UFRGS, IBGE, IPEA, além das secretarias de Governo, como Planejamento, Segurança, Fazenda, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Saúde, Educação, dentre outras.
Em razão disso, os pesquisadores da Rede INCT Observatório das Metrópoles apoiam a luta pela manutenção da FEE e das outras fundações e órgãos do Rio Grande do Sul.
A seguir o “Manifesto em defesa da FEE, assinado pelo Núcleo Regional Porto Alegre do Observatório das Metrópoles.

MANIFESTO DO OBSERVATÓRIO DAS METRÓPOLES
– Núcleo Porto Alegre EM DEFESA DA FEE
O Observatório das Metrópoles – Núcleo Porto Alegre (INCT/CNPq), vem por meio desta se manifestar contra a possível extinção da Fundação de Economia e Estatística – FEE e da Fundação Estadual de Planejamento Metropo-litano e Regional – METROPLAN, proposta pelo atual governo do estado do Rio Grande do Sul.
A Fundação de Economia Estatística – FEE é uma das instituições fundadoras da rede nacional Observatório das Metrópoles e do Núcleo de Porto Alegre, do qual foi sede de 1999 à 2012. Diversos pesquisadores da FEE fazem parte do quadro de pesquisadores do Observatório das Metrópoles, sendo suas pesquisas de fundamental importância para os programas de pesquisa da rede nacional como é o caso das Categorias Sócio-ocupacionais e Tipologias Sócio-espaciais da Região Metropolitana de Porto Alegre.
Mais além do Observatório das Metrópoles consideramos a FEE uma instituição imprescindível para o planejamento e o desenvolvimento socioeconômico do estado do Rio Grande do Sul. Suas pesquisas, de caráter público e plural, são indispensáveis para a definição de políticas públicas e a tomada de decisões por parte dos gestores públicos. O Estado não pode prescindir de um corpo técnico permanente, com estabilidade e independência para produzir informações de extrema relevância para o seu planejamento: PIB estadual e municipal, projeções de população, Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (Idese), Arranjos Produtivos Locais, Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), entre outras. É uma falácia que a Universidade pode absorver estas pesquisas, que são de caráter permanente e de longo prazo e não podem estar submetidas ao tempo da academia, que tem outras tarefas a realizar. Assim como é perigoso que as mesmas sejam entregues à iniciativa privada, onde perderiam seu caráter público e imparcial, beneficiando grupos privados que teriam privilegio de informação.
Também consideramos importantíssimo a manutenção da METROPLAN, necessária para pensar e planejar as regiões metropolitanas e aglomerações urbanas do estado. A presença de um órgão público de caráter metropolitano é uma exigência do próprio Estatuto da Metrópole (Lei Federal 13.089/2015) que regula o planejamento e a gestão metropolitana no Brasil.
Ao contrário do que propõe o atual Governo do Estado do Rio Grande do Sul somos favoráveis não só à manutenção, como ao fortalecimento e recomposição destas fundações (especialmente a METROPLAN) as quais passam por problemas de infraestrutura e de pessoal, resistindo bravamente – a partir da competência do seu corpo técnico – ao sucateamento imposto por um governo mais preocupado com o ajuste fiscal do que com o social.
Por fim nos manifestamos contrários aos propósitos e objetivos do “pacote de medidas” que visam “refundar o estado no Rio Grande do Sul”. Entendemos que o estado deve ser refundado sim, mas no seu propósito de servir ao conjunto da população do estado e não a interesses privados. A crise financeira deve ser atacada com o combate à sonegação, com o fim de renúncias fiscais e com o fim de privilégios de poderosas corporações que se apropriam (muitas vezes sob o amparo da lei) de fatias gordas da arrecadação, impedindo sua distribuição na forma de serviços de qualidade, à toda a sociedade.
O Rio Grande do Sul deve voltar a ter o estado a serviço das pessoas e do bem comum, e isto se faz com transparência e participação popular, os únicos mecanismos capazes de fortalecer a esfera pública.
Porto Alegre, 23 de novembro de 2016.
Observatório das Metrópoles
Núcleo Porto Alegre

Outras instituições que defendem a FEE

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A multidisciplinaridade e a formação qualificada de pesquisadores, analistas e técnicos garantem a consolidação de pesquisas tradicionais – são 25 indicadores e oito publicações produzidas regularmente, com séries históricas, metodologias e qualidade editorial reconhecidamente consistentes – e a inovação em frentes de trabalho surgidas de novas demandas do Estado. Atualmente, conta com uma equipe multidisciplinar de 36 doutores e 93 mestres pesquisadores.

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O Governo do Estado do Rio Grande do Sul, liderado pelo Governador Sartori, frente à grave crise financeira do Estado, a qual se arrasta por décadas, anunciou um pacote de medidas denominado “Novo Estado, Novo Futuro”. Anunciadas como propostas de modernização repetem velhas receitas que já se mostraram ineficazes, posto que medidas semelhantes implementadas pelo Governo Antônio Britto, não ajudaram a resolver a situação como foram acompanhadas do maior aumento da dívida pública do Estado em uma única gestão.

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